sexta-feira, 13 de junho de 2014

O Pentecostes, o Brasil e a Copa

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Foto: Reuters

Pentecostes é uma das festas regulares dos israelitas, comemorada há milhares de anos. Para participar dessa festa, celebrada 50 dias após a Páscoa, gente de todas as partes viajava para Jerusalém. Com o passar dos séculos ela tornou-se internacional, atraindo devotos de muitos povos e regiões diferentes. Foi numa dessas ocasiões, exatamente durante a celebração da Festa de Pentecostes, que ocorreu uma manifestação divina especial, em cumprimento à promessa de derramar o Espírito, como água viva sobre a terra seca, tendo em vista abençoar muitas raças e nações diferentes. Naquela oportunidade o Evangelho foi espalhado para muitos povos! Assim, também a igreja de Cristo celebra o Pentecostes, o que acabamos de fazer neste último domingo, às portas da abertura da Copa do Mundo de Futebol.
Em nossos dias, a Copa do Mundo também tem o poder de reunir diferentes nações, concentrando multidões, em geral num país, para uma celebração que tem a intenção de estimular a paz e o convívio respeitoso entre pessoas e povos.

O mundo ama futebol; e os brasileiros, então, o têm em alta consideração. Futebol faz o nosso país vibrar e é uma espécie de metalinguagem nacional, onde estão representados sentimentos, expectativas, angústias, dramas e lutas da nação. O brasileiro raramente é indiferente ao futebol e menos ainda diante da realização da Copa do Mundo em nosso território. As emoções sobem e se transfiguram em paixão. Mas, desta vez, estamos mais cientes de que a realidade do nosso país vai muito além da emoção dos jogos, das alegrias das vitórias ou tristezas por eventuais derrotas. Hoje a consciência está mais amadurecida e temos compreensão de que a construção de uma sociedade justa e igualitária extrapola os campos e as partidas de um campeonato mundial de futebol. A magia do futebol não enfeitiça a nação diante dos desafios que temos!

Torcemos para a seleção balançar as redes, reconhecendo que alguns não o façam, mas torcemos mais ainda pelo Brasil. Esperamos que o Brasil seja campeão em campo e também fora do campo. Sabemos que o Brasil tem suas virtudes e problemas, como qualquer nação, e estamos desenvolvendo uma avaliação cada vez mais nítida da situação nacional. Mas não nos envergonhamos do nosso país, nem do nosso povo, apesar das questões ainda não resolvidas e da conturbada preparação deste Mundial. Não precisamos nos sentir inferiores por causa dos problemas que ainda temos para equacionar e afirmamos a nossa identidade fugindo da arrogância. O que esperamos é que o Brasil vá muito além da organização de uma Copa do Mundo e invista, cada vez mais, para melhorar a educação, a saúde e a segurança da população. Quando houver mais justiça social, menos corrupção, uma classe política mais qualificada e melhor distribuição de renda, então iremos cantar o Hino Nacional juntos com mais força ainda!

Somos um povo acolhedor e nos alegramos em receber os visitantes de outros países. Os estrangeiros são bem vindos ao nosso país e esperamos que experimentem algo da boa alegria brasiliana e que conheçam as belezas naturais e os magníficos sabores do Brasil, mas sem envolver-se de modo nenhum na exploração sexual de crianças e adolescentes. O Brasil não é destino de turismo sexual! Não aceitamos que esta festa, que nos está custando tão caro, seja usada para fins escusos como o turismo sexual e a exploração de menores, nem que este momento festivo seja usado para fins que dificultem a vida da população e venham a destruir o patrimônio nacional. Queremos que esta festa seja marcada pelo bom convívio e respeito para com todos, sejam estrangeiros ou brasileiros.

Amamos o Brasil como nação, igualmente reconhecida e constituída sob a benção dos céus, entre centenas de outras nações. Milhares de brasileiros são voluntários para cooperar com a organização do evento e outros milhares ajudarão espontaneamente aos estrangeiros e turistas. Mais do que oferecer uma festa e compartilhar a alegria momentânea da Copa do Mundo, porém, desejamos repartir os valores que identificam a nossa nação. Oramos que o Evangelho alcance e abençoe os milhares de visitantes que vierem ao nosso país e que estes levem de volta na bagagem ótimas lembranças do Brasil, mas, especialmente, a Paz permanente nos seus corações, para espalhá-la entre os seus povos, assim como ocorreu no Pentecostes dois mil anos atrás. Esperamos que a ocasião da Copa do Mundo sirva como plataforma de encontro e congraçamento dos povos da Terra, mas também para o Brasil dar um passo e crescer como nação.

Oramos, pois, pela nossa nação, pelo seu povo e seus governantes, neste momento tão especial para todos nós. Oramos pelas nossas crianças e pelos desfavorecidos, para que sejam protegidos e experimentem segurança durante este período. E oramos que as diferentes iniciativas de tantas de nossas igrejas para estes dias tenham a marca do Evangelho e levem muitos a celebrar a vida nova em Jesus Cristo.
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quarta-feira, 4 de junho de 2014

Cartilha Cidadã

É com grande alegria que escrevemos para compartilhar com vocês em primeira mão o Flipbook de nossa Cartilha Cidadã, "Os Evangélicos e a Transformação Social: Cultura Cidadã e Democracia Participativa." 

É uma iniciativa da Aliança Evangélica com apoio de vários parceiros, nesse ano de eleições, com o objetivo de estimular nossas igrejas a tratar do tema da cidadania e colocando as eleições nesse contexto mais amplo de nossa participação e contribuição com a sociedade, na manifestação do amor de Deus dos valores do seu Reino.


Abraços fraternos, em Cristo.​

Wilson Costa​
​Diretor Executivo ​

quarta-feira, 28 de maio de 2014

A Missão Integral nem é tão integral assim! Uma palavra pessoal

Nestes últimos dias, em nosso mundo evangélico, estabeleceu-se uma conversa em torno da Missão Integral (MI). Essa conversa, nem sempre muito fácil, é importante na medida em que nos leve mais para perto de uma obediência evangélica saudável. Ao prestar atenção a ela, minha memória se aguçou e trouxe de volta momentos e movimentos da minha própria história.

A primeira vez que eu embarquei num ônibus, em Porto Alegre, rumo à Argentina, foi em 1972. Lá, reclusos numa pequena cidade chamada Villa Maria, eu passei um mês aos pés de pessoas como René Padilla e Samuel Escobar. Aquele mês tornou-se inesquecível para mim por ter sido altamente formador na minha vida. Depois de Villa Maria foram muitas as vezes em que pude participar em discussões teológicas e vivências comunitárias que ajudaram a forjar a minha caminhada no seguimento a Jesus. Quem sabe, a questão mais importante que eu poderia dizer é que René, Samuel e seus companheiros eram simples, acessíveis e tinham um coração pastoral; e, ao mesmo tempo, eram estudiosos e me impressionavam com o seu conhecimento, a bibliografia que manejavam e sua grande cultura teológica. Eram homens de família e se preocupavam em mentoriar jovens como eu, com as minhas perguntas e os meus devaneios. Eles queriam simplesmente ser seguidores de Jesus e neste afã percorriam o continente latino-americano, em seguidos encontros de evangelização e formação de discípulos.

Embora este não seja o espaço onde convém entrar em detalhes dessas minhas andanças, eu queria, à guisa de contribuição para esta nossa conversa, pontuar quatro coisas.

O termo “Missão Integral” não pode ser, nem absolutizado, nem ideologizado!

Se é certo que o termo MI tem um forte cunho latino-americano, histórias como a de INFEMIT (International Fellowship of Mission Theologians) evidenciam que havia em outros continentes uma preocupação e uma agenda similar e que se buscavam oportunidades e fóruns de encontro onde se pudesse compartilhar e agenciar uma agenda que refletisse a grande amplitude da missão da igreja. Não há cercas geográficas em torno à compreensão da MI.

Também se pode afirmar que a voz latino-americana foi chave para que uma compreensão de missão que fosse integral viesse a marcar presença no Pacto de Lausanne. Mas o compromisso com esta compreensão de missão não foi uma descoberta que se deu neste continente, pois outras expressões similares povoam as diferentes histórias missionárias. E, em tempos recentes, a MI ganhou muito mais presença no próprio Movimento de Lausanne, ao ponto de ser abraçada como “integral mission” pelo Compromisso da Cidade do Cabo, de cuja redação eu mesmo tive a oportunidade de participar. Outros esforços globais como o Micah Challenge (Desafio Miquéias) e a Micah Network (Rede Miquéias) expressam muito bem que há uma caminhada global na vertente desta compreensão e missão.

Esse desenvolvimento, no entanto, não pode nos levar a absolutizar uma determinada forma de falar da missão. MI é só um jeito de falar. É um jeito de querer gestar uma obediência ao evangelho que seja o mais consistente e ampla possível. A MI, de fato, nem é tão integral assim. Aliás, nada do que fazemos é “tão integral assim” e todos só sabemos e só falamos em parte, como o próprio apóstolo Paulo nos ensina. E tem mais: creio que a MI deve ser avaliada criticamente, e cada nova geração e cada novo contexto deve fazê-lo. Ainda que “formado na escola da MI”, eu tenho procurado avaliá-la criticamente e percebido áreas nas quais ela precisa refletir. Entre estas eu ressaltaria: a busca por expressões de uma espiritualidade que leve mais em conta o coração e não só a mente; que se busque um jeito de fazer teologia que seja menos cerebral e mais poético; que a predominância do homem branco seja completada por outras raças e etnias e pelo importante feminino, que se deixe de ser um fenômeno fortemente de classe média, como o são muitas de nossas igrejas históricas, e encontro o caminho da popularização e da carismatização, que a ênfase socioeconômica e até política da realidade seja ampliada, por exemplo, por um discernimento cultural e sócio cultural da realidade na qual vivemos– para citar umas poucas áreas a serem trabalhadas. Mas confesso que, em oração, sempre volto a balbuciar o anseio de que a minha compreensão e vivência da missão seja o mais integral possível . . .  para a glória de Deus.

O encontro com a Palavra foi fascinante!
Os meus primeiros encontros com a MI se deram enquanto estudava teologia numa instituição de corte liberal. Oriundo de um contexto pietista, confesso que estava bastante perdido no universo daquela formação e o encontro com essa outra escola me deslumbrou. O que eu via nos encontros onde a MI estava sendo gestada era uma profunda submissão à Palavra de Deus, associada à descoberta de que esta era profundamente relevante para os nossos conturbados dias e podia ser estudada com sérios critérios históricos, geográficos e semânticos. Neste universo eu encontrava uma hermenêutica que entendia a autoridade da Palavra, estudava-a com seriedade e a aplicava ao contexto em que vivíamos.

Até hoje sou fascinado pela Palavra de Deus, e foi nos caminhos da MI que este encanto foi se aprofundando. Aliás, a ênfase na Palavra de Deus foi pioneira nesta caminhada. A Fraternidade Teológica Latino-Americana, que foi o lugar maior onde a teologia da MI foi gestada, começou a ser gestado no primeiro Congresso Latino-Americano de Evangelização (CLADE I), realizado em Bogotá, Colômbia, em 1969. E o seu primeiro encontro formal, pós CLADE I, tematizou a Palavra de Deus, deixando evidente o lugar central desta em qualquer teologia e em qualquer caminhada cristã. Assim, a MI nasceu no berço das Escrituras.

A descoberta da centralidade do Reino de Deus
Procurando sobreviver em meio aos meandros de uma teologia liberal, que era muito boa na desconstrução de sistemas e credos, foi a descoberta do Reino de Deus como a chave hermenêutica para a construção da minha fé e vivência da missão que me ensinou a nadar rumo à sobrevivência na fé no Deus trino. O evangelho se abriu e ganhou cores que eu não imaginava. O evangelho falava de mim e do outro, especialmente do pequeno e do pobre. O evangelho falava do corpo, da alma e do espírito. Ele falava da pessoa e dos sistemas e estruturas onde elas vivem. Falava do passado e do presente e apontava para o futuro de Deus. O evangelho mostrava um Jesus que anunciava e vivia o Reino de Deus,  e me convidada a segui-lo nas sendas da esperança desse Reino.  

Logo depois da Consulta sobre a Palavra de Deus, na qual a FTL foi formalmente criada, procurou-se mergulhar na ênfase no Reino de Deus, como demonstrado e apontado pelos evangelhos. Este Reino de Deus é que dava os contornos para a gestação de uma missiologia que fosse fiel aos evangelhos, que se soubesse a serviço do Deus trino e fosse em busca do outro, quem quer que ele fosse e onde quer que estivesse. Por isso é que CLADE III trouxe o slogan de Lausanne para as nossas paragens latinas: “Todo o Evangelho, para todos os povos, desde a América Latina”.

Descobrindo a realidade ao nosso redor
Vindo de um transfundo pietista, que tende a olhar mais para a realidade espiritual do que para a realidade social do outro, e vivendo num contexto de ditadura militar, onde a preocupação sociopolítica tendia a ser cunhada de subversiva, foi significativo para mim descobrir a dimensão mais ampla do evangelho, tanto na dimensão cultural como social e econômica da realidade. Eu costumo dizer que foi o evangelho que me abriu os olhos para a realidade e especialmente para o pobre, o excluído e o vulnerável.

Às vezes surge a pergunta (e muitas vezes, a afirmação) sobre a influência do marxismo na teologia da MI. Aqui, parece-me que precisamos discernir dois diferentes momentos. Num primeiro momento, a questão central era perceber e discernir a realidade que a iniciativa missionária norte-americana estava, em sua maioria, trazendo para o nosso continente.

É importante registrar que essa iniciativa missionária estava focando fortemente a América Latina devido, especialmente, ao fechamento da China para o envio de missionários estrangeiros, bem como  o número cada vez maior de missionários provenientes de crescentes igrejas evangélicas, várias delas de corte fundamentalista,  nos EUA. Esta vertente evangélica, naquele país, havia reagido fortemente ao liberalismo teológico vindo da Europa e se posicionado radicalmente contra o chamado “evangelho social”. Logo, ao desenvolverem os seus ministérios em nosso continente, a ênfase numa evangelização e discipulado voltados para o indivíduo e para as coisas espirituais era muito forte, quando não exclusiva. Acresça-se a isso a postura que os EUA haviam tomado em relação à grande maioria de ditaduras no continente, fato que contaminava a obra missionária. É diante desta ênfase que vozes latinas se levantam e chamam atenção para um evangelho que se preocupa com todas as dimensões da vida humana, para a necessidade de se levar em conta a realidade do nosso continente, fortemente marcado pela pobreza, opressão e injustiça social. Assim, na nascente da MI está o clamor para que se perceba a realidade e a engajar-se nela e também a descoberta de que o evangelho não está alheio a essa realidade e a proclamação do Reino de Deus visa a sua transformação.

Num segundo momento, essa mesma caminhada evangélica em torno ao conceito da MI percebeu que emergia fortemente no continente aquilo que se chamou de Teologia da Libertação. Essa teologia ajudou a desvendar a realidade deste continente, perguntou pelo lugar da igreja nele e se propôs fazer uma releitura do evangelho desde a perspectiva daquele que havia sido historicamente excluído nas andanças continentais. Para analisar essa realidade, muitos teólogos da libertação fizeram uso do instrumental marxista, enquanto outros fizeram uso também da proposta revolucionária articulada a partir do marxismo. Os detentores da teologia da MI discerniram a importância de entrar em diálogo crítico com a teologia da libertação, sem deixar de afirmar os princípios básicos de uma fé evangélica. É preciso dizer que nestas fileiras da MI havia desde evangélicos que se identificavam com uma expressão mais “conservadora” da fé, quanto outros que o faziam desde uma perspectiva mais “progressista”. Também se pode dizer que o instrumental marxista de análise da realidade foi usado e importante para vários, mas não tenho registro de nenhuma conversão para um marxismo ideológico. Em verdade, acho a discussão em torno da influência marxista na teologia da MI muito fora de foco. O foco de fato era o evangelho do Reino de Deus e sua vivência na realidade circundante. Nada mais e nada menos do que isso. Aliás, isso devia ser feito, em épocas passadas e com muita dificuldade, em contextos de muitos governos autoritários e militares. Hoje o contexto mudou mas a MI ainda quer o mesmo: todo o evangelho para todos os povos, a partir do lugar onde nos sabemos chamados por Deus.

A vivencia da MI nem é tão integral assim. Aliás, nada do que propormos ou fizermos vai ser bem integral, sendo sempre limitado e até unilateral, o que é marca da nossa humanidade caída. A vivencia da MI se torna um pouco mais integral quando vivida em comunidade, e creio que essa marca ela tem. A MI é uma proposta que se gerou em comunidade e se vive em comunidade. Ela é também um pouco mais integral, quando novas gerações a avaliam criticamente, complementam e contextualizam novamente, e nesta área a MI tem encontrado as suas dificuldades, ainda que vemos uma verdadeira multidão de jovens querendo abraçar e viver a isto que se tem chamado de MI

A MI é, em última análise, um esforço, desejo e intento missionário e comunitário de escutar, receber e viver o evangelho de Jesus Cristo de forma intensa, comunitária e contextual. Aliás, o conceito MI deve estar a serviço disso. Caso contrário, mudemos de linguagem – mas sempre querendo nos encontrar no encanto pelo evangelho e no serviço do Reino de Deus no mundo no qual vivemos.

Valdir Steuernagel
Pastor – Curitiba/PR

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Nasce a Aliança Evangélica Latina


Nos dias 1 e 2 de novembro de 2013, na cidade de Tegucigalpa, em Honduras, na América Central, nasceu a ALIANÇA EVANGÉLICA LATINA – AEL. Representantes credenciados por Alianças e Confraternidades Evangélicas de Argentina, Belize, Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Chile, Equador, El Salvador, Espanha, Estados Unidos, Guatemala, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela, reunidos em torno do Foro Ibero-americano de Diálogo Evangélico (FIDE), decidiram converter FIDE na AEL, uma Aliança Evangélica de dimensões continentais. Além dos países latino-americanos, inclui Espanha e latinos nos Estados Unidos. 

A Aliança Evangélica Latina nasce com respaldo da Aliança Evangélica Mundial (WEA, por sua sigla em Inglês).  Gordon Showell-Rogers Secretário Geral Associado e Rob Walter Brynjolfson, Diretor do Instituto de Liderança, ambos da WEA, estiveram presentes como observadores e manifestaram apoio da WEA e respaldo para a consolidação da nova aliança.


A situação dos evangélicos em alguns países da AL
A reunião teve o momento para receber informes dos diferentes países participantes. Aqui destacamos algumas informações relevantes e sensíveis sobre alguns países:
Honduras, que recebeu os líderes latino-americanos, é um país pobre, com alta concentração de renda e com índices de violência com destaque internacional. Mas os evangélicos conquistam grande reconhecimento do estado e da sociedade porque envolvem-se em assuntos de educação, AIDS, dívida externa, justiça & paz, família & vida, proteção infantil (física e moral), reconciliação, etc;
Na Bolívia começam a aparecer casos de perseguição aberta a pastores que não se alinham com uma agenda contrária à família e à vida. Uma situação preocupante é que no país desaparecem três pessoas ao dia por causa do tráfico de órgãos;
Na Venezuela a liberdade religiosa está ameaçada. Os processos democráticos e as instituições políticas estão em desmonte;
No Peru as igrejas evangélicas (em sua maioria) caminham para uma ilegalidade, pois não alcançarão as 10.000 "firmas reconhecidas" necessárias para existirem. Uma agência missionária com atuação internacional para ser reconhecida, precisará ter mais de 120 missionários atuantes;
Na Colômbia, evangélicos estão muito envolvidos no processo de paz, reconciliação e no acompanhamento dos muitos presos, depois de tantos anos de conflitos internos;
Na Guatemala existe uma coesão interna para enfrentar a pobreza e injustiça social;
No Paraguai o golpe de estado foi reprovado por muitos líderes evangélicos, mas a ênfase do novo governo de enfrentar a corrupção, um mal histórico e institucionalizado, tem rendido apoio ao novo governo. 

Assembléia Geral da WEA
Os representantes da Aliança Evangélica Mundial  levaram uma convocação à participação da Assembléia Geral da WEA, que acontecerá em Seul/Coréia do Sul, de 18 a 26 de outubro de 2014. A WEA pretende reunir na Coréia delegações de 200 países, incluindo uma expressiva participação de jovens. 
Propósitos e Atuação da AEL
Os presentes à reunião de Honduras, definiram que o objetivo da AEL é o de ser um instrumento de unidade, representação, diálogo e cooperação entre as diferentes alianças dos países membros. Também estabeleceram que seu ministério se orientará principalmente para:
  • Promover e defender os valores e princípios estabelecidos pela Palavra de Deus;
  • Atuar em instâncias internacionais, como a voz representativa de seus membros;
  • Pronunciar-se sobre assuntos de interesse comum das respectivas alianças e da sociedade;
  • Fortalecer as Alianças Evangélicas membros e seus relacionamentos;
  • Fomentar a cooperação entre os membros para alcançar os objetivos das alianças;
  • Expressar a unidade espiritual, em testemunho conjunto e contribuir para a construção do pensamento teológico;
  • Participar de fóruns e reuniões que se destinam a defender a liberdade religiosa, as causas da paz e da justiça e
  • Equipar a Igreja para ser um agente de transformação sócio espiritual da sociedade.
Direção da AEL e apoio
A Assembléia reunida em Honduras escolheu sua "Junta Diretiva", apontando como Presidente da AEL o Pastor Alberto Solórzano, que é o presidente da Confederação Evangélica da América Central (CEDECA). Esta junta será composta por sete membros, representantes dos Hispanos nos EUA, do México, da América Central e Caribe, dos países Bolivarianos, do Brasil, dos países do Cone Sul e da Espanha. A composição da assembléia foi de uma liderança bastante pragmática, de idades variadas e de diferentes tamanhos e matizes de igrejas. Impressionante foi a disposição da equipe local, sempre tão disposta a servir.
A reunião de Honduras teve seu encerramento com o "ato fundacional" na noite do último dia de encontro. Na noite anterior o presidente da república já havia declarado sua admiração e compromisso com as causas dos evangélicos. No último dia foi o jovem vice-prefeito que deu seu emocionante testemunho pessoal do que o evangelho fez em sua vida em meados deste ano.  Antes de terminar o encontro, os presentes ainda escutaram as saudações recebidas. Várias das lideranças continentais de grandes organizações e denominações manifestaram apoio ao passo dado.
Deus nos surpreendeu muito nestes dias. Pelas reações posteriores, voltamos todos muito impactados porque fomos surpreendidos pela graça de Deus.

Airton Härter Palm
representante da Aliança Evang. Brasileira 
e agora membro da junta diretiva da AEL 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Carta da Aliança Evangelica

Caros Irmãos e irmãs,
 
É claro que você e eu conhecemos a expressão com a qual saúdo cada um de vocês. Ela faz parte do Pai Nosso e muitas vezes a pronunciamos, mas confesso que ela ganhou nova vida para mim. Foi uma missionária entre os migrantes nos EUA que a citou para mim como um dos lemas do seu trabalho: “Assim na terra como no céu”, ela me disse – e com isso descrevia a natureza da sua vocação. Confesso que fiquei comovido e encantado: então é essa a natureza da nossa vocação? Colocar-nos a serviço de Deus, aqui na terra, para que possamos testemunhar a realidade do céu aqui na terra? Isso é simplesmente fantástico!
 
Então pensei na Aliança, pois é exatamente isso que Deus nos está oportunizando, como parte do seu povo em nosso país: buscar a unidade da igreja como uma expressão da realidade do céu. A realidade da Trindade – Pai, Filho e Espírito Santo – que vive e testemunha a unidade para cada um de nós, nossas vidas, instituições e a própria sociedade. Esta é uma vocação santa: “Assim na terra como no céu”. E tanto você como eu somos convidados a participar dela. Graças a Deus!
 
É nesse espírito que queremos ir recebendo e investindo na unidade, que é um dom de Deus com o qual fomos agraciados em Cristo Jesus. É com esse espírito, também, que queremos co-construir a Aliança. No ano passado lançamos a sua pedra fundamental e neste ano colocamos, por ocasião do nosso Fórum, mais uma pedra na sua construção. Aprovamos os estatutos, escolhemos a nossa liderança, acolhemos o nosso planejamento estratégico e juntos louvamos a Deus. Ouvimos a Sua palavra no compromisso com a identidade evangélica e com a unidade da igreja.
 
Cada um de vocês é muito importante e tem lugar nesta caminhada. Participe e se engage! Construa a unidade no seu universo, como uma expressão daquilo pelo qual Jesus orou: “Para que todos sejam um… para que o mundo creia que tu me enviaste”.
Há três pedidos que eu lhe quero fazer nesta ocasião:
  • Considere tornar-se um membro efetivo da Aliança, se você ainda não o é. (Os breves formulários de adesão estão no site, em http://www.aliancaevangelica.org.br/filiados/filie-se/
  • Divulgue a Aliança! Precisamos construir uma membresia que seja firme e efetiva.
  • Faça uma oferta de Natal para a Aliança. (Veja orientações abaixo.)
Assim você estará participando ativamente deste projeto de unidade.
Deus o abençoe e guarde neste período de Advento!
Valdir Steuernagel
p/ Conselho Gestor
OFERTA ESPECIAL DE FIM DE ANO À ALIANÇA EVANGÉLICA
þ SIM, estou comprometido com o projeto “a unidade na fé a caminho da missão”, da Aliança Cristã Evangélica Brasileira e vou fazer uma oferta/doação neste fim de ano.
 
Oferte ainda hoje e faça-o de acordo com a sua disponibilidde e o seu compromisso. Faça-o pessoalmente ou institucionalmente. Seja uma doação de R$ 50,00 ou de R$ 1.000,00. Nós precisamos de sua contribuição generosa para levar adiante esta iniciativa.
 
Faça um depósito simples ou identificado na conta da Aliança Evangélica. Se necessitar de recibo, envie uma cópia do comprovante de depósito para financeiro@me.org.br O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. .
 
Banco do Brasil
Movimento Encontrão - Aliança – CNPJ 40.388.647/0001-57
Ag. 1622-5 – conta nº 100.200-7
 
Obs.: lembre-se que o movimento financeiro da Aliança está sendo feito pelo Movimento Encontrão, através desta conta bancária exclusiva para este fim, até que a Aliança tenha seu próprio CNPJ. De qualquer maneira, a Aliança audita este movimento em conta de terceiro

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Carta Mensal da Aliança Evangélica

por Russell Shedd


Identidade, Unidade e Missão são temas abrangentes, mas de importância indiscutível.

A identidade evangélica tem suas raízes na Reforma do século 16, quando foram levantadas as questões sobre o caminho da salvação. Durante os mil anos anteriores a doutrina da justificação pela fé ficara escondida. A Igreja Católica Romana se arrogava o direito de determinar quem seria aceito por Deus ou condenado eternamente. A Bíblia foi silenciada para a maioria dos fieis. Somente com a tradução do texto sagrado para o vernáculo é que foi possível para o homem comum confirmar sua esperança de receber a vida eterna. O resultado desse debate foi a criação das igrejas que, separadas da Romana, se identificaram como evangélicas. Essa identidade estabelece claramente as seguintes marcas: 1) A Bíblia é a fonte última de autoridade divina. 2) A salvação é recebida unicamente pela fé no Senhor Jesus Cristo, que morreu e ressuscitou para encabeçar sua igreja invisível, isto é, somente Deus conhece quem são os que lhe pertencem. 3) Igrejas locais são identificáveis pelo seu compromisso com a pregação, o ensino da Palavra de Deus e a participação nas ordenanças que Jesus estabeleceu: o batismo e a Santa Ceia.

Se a unidade espiritual tem caracterizado os evangélicos, há, no entanto, pouco compromisso com a unidade visível. Mas quem lê o Novo Testamento não pode negar que a unidade é um dos temas mais destacados, pois o Corpo de Cristo é um só. “Façam todo o esforço para conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, assim como a esperança para a qual vocês foram chamados é uma só; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos que é sobre todos” (Ef 4.3-6). Desta maneira Paulo escreve para conclamar os seguidores de Cristo a reconhecerem a unidade que eles têm. Não há no Novo Testamento a sugestão de um centro de controle humano, um governo autoritário, mas sim o chamado a uma verdadeira unidade de amor entre irmãos e irmãs que pertençam à família de Deus. Os agrupamentos nas diversas denominações não devem negar essa unidade básica. Como pode haver rivalidade numa família madura que confessa que Jesus Cristo é seu Senhor? Há diversidade evangélica nas interpretações de alguns trechos bíblicos; há práticas denominacionais distintas; mas as doutrinas centrais da fé devem ser sempre mantidas e defendidas no pertencimento à identidade evangélica.

A missão das igrejas evangélicas é glorificar a Deus por meio de adoração bíblica, evangelizar os que não professam uma fé genuína no Senhor Jesus e discipular as nações ensinando-as a obedecer a todas as coisas que Jesus ordenou (Mt 28.19, 20). E organizar comunidades locais onde essa missão seja claramente estabelecida.

Cristo ordena aos seus seguidores que, como “a luz do mundo”, não escondam essa luz debaixo duma vasilha. “Ao contrário, coloca-a no lugar apropriado, e assim ilumina a todos os que estão na casa. Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês” (Mt 5.14-16). É pelas boas obras que o povo de Deus mostra o amor dele pelos seus filhos e por aqueles que são marcados pela sua imagem.